segunda-feira, 29 de julho de 2013

HOMEM NÃO CHORA.

Eu vi Deus chorando por aquele cidadão

Eu vi o Homem
Uma mata derrubar
Vi uma nascente morrer
Pela sombra que não há.
Vi o rio poluído
E o homem enriquecido
Sem desse rio cuidar.

Eu vi o Homem
Na mesa farta de comida
Vi um pobre batendo a porta
Pedindo uma guarida.
Vi o Homem falar não!
Deixando com fome o irmão
Nas calçadas da vida.

Eu vi o Homem
Indo a igreja orar
E ao sair da igreja
Vi uma esmola negar.
Vi este homem caindo
E o pobre lhe acudindo
Tentando lhe levantar.

Eu vi o Homem
Sem dinheiro na operação
E vi o Homem indo à lua
À procura de solução.
Vi o Homem não viver
Procurando o porquê
Da tanta tribulação.

Eu vi o Homem
Juntando patrimônio
Vi o progresso acabando
Com a camada de ozônio.
Vi o sol esquentando
Vi o gelo soltando
Eu vi o homem tristonho.

Eu vi o Homem
Assinando um projeto
De lei para matar
A criança no feto.
Vi o espírito voltar
Procurando seu lugar
Por não ser um objeto.

Eu vi o Homem
Para as drogas caminhar
Se perdendo no caminho
Não sabendo mais voltar.
Vi seus pais com tristeza
Por não ver mais beleza
Da vida se lastimar.

Eu vi o Homem
Estendendo sua mão
Pedindo ao outro homem
Um pouco de compaixão.
Vi o pobre operário
Vivendo sem salário
Pra comprar o feijão.

Eu vi o Homem
Na fila dos desesperados
Sem saber o que fazer
Por estar desempregado.
Vi seus filhos chorando
Pelo pão mendigando.
Eu vi um pai arrasado!

Eu vi o Homem
Falar para uma nação
Que ia dar fim ao desemprego
E a fome do cidadão.
Eu vi o Homem acreditar
E nesse Homem votar
No dia da eleição.

Eu vi o Homem
Na briga pelo poder
Mentir tanto no palanque
Para o povo poder crer.
Eu vi a hipocrisia
Fazendo moradia
Na cara deste ser.

Eu vi o Homem
Mudar o calendário
E lembrar da eleição
Que houve com o operário.
Eu vi o Homem na rua
Eu vi que a fome continua
Sem ter um itinerário.

Eu vi o Homem
Dentro da religião
Dizer que já está salvo
Sem olhar para seu irmão.
Eu vi que na verdade
Fora da caridade
Não há salvação.

Eu vi o Homem
Chorando na oração
Eu vi Deus perto dele
Segurando a sua mão.
Eu vi o Homem clamando
Eu vi Deus chorando
Por aquele cidadão.


de Airam Ribeiro

domingo, 7 de julho de 2013

MEUS TROPEÇOS

Meus Tropeços
Tropeçando a cada passo, aqui acolá!
Vagueio despojado de tudo.
Até onde o vento me levar!
Vagueio num silêncio que dilacera meu peito.
Vagueio esvaído como pássaros noturnos!
Vagueio perdido pela quietação da noite escura.
Vagueio em busca de lenitivo pra minh´alma!
Vagueio para libertar-me dos grilhões.
Vagueio porque, minh´alma quer plainar liberta por todo infinito!
E, como viageiro, vagueio por trilhas inacabadas.
Vagueio até encontrar estradas floridas.
A mercê dos meus desejos, vagueio!
Vagueio não importa o lugar, que seja aqui, ou, acolá!

Irismar Andrade Santiago