terça-feira, 12 de abril de 2011

VETERANOS DE GUERRA


© MARTHA MEDEIROS

Depois de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa que deixou cicatrizes.

Outro dia li o comentário de alguém que dizia que o casamento é uma armadilha: fácil de entrar e difícil de sair. Como na guerra. Aí fiquei lembrando dos desfiles de veteranos de guerra que a gente vê em filmes americanos, homens uniformizados em suas cadeiras-de-roda apresentando suas medalhas e também suas amputações.

Se o amor e a guerra se assemelham, poderíamos imaginar também um desfile de mulheres sobreviventes desse embate no qual todo mundo quer entrar e poucos conseguem sair – ilesos. Não se perde uma perna ou braço, mas muitos perdem o juízo e alguns até a fé.

Depois de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa que deixou cicatrizes. Todos. Há inclusive os que trazem marcas imperceptíveis a olho nu, pois não são sobreviventes do que lhes aconteceu, e sim do que não lhes aconteceu: sobreviveram à irrealização de seus sonhos, que é algo que machuca muito mais.

São os veteranos da solidão. Há aqueles que viveram um amor de juventude que terminou cedo demais, seja por pressa, inexperiência ou imaturidade. Casam-se, depois, com outra pessoa, constituem família e são felizes, mas dói uma ausência do passado, aquela pequena batalha perdida. Há os que amaram uma vez em silêncio, sem se declararem, e trazem dentro do peito essa granada que não foi detonada. Há os que se declararam e foram rejeitados, e a granada estraçalhou tudo por dentro, mesmo que ninguém tenha notado. E há os que viveram amores ardentes, explosivos, computando vitórias e derrotas diárias: saem com talhos na alma, porém mais fortes do que antes.

Há os que preferem não se arriscar: mantêm-se na mesma trincheira sem se mover, escondidos da guerra, mas ela os alcança, sorrateira, e lhes apresenta um espelho para que vejam suas rugas e seu olhar opaco, as marcas precoces que surgem nos que, por medo de se ferir, optaram por não viver. Há os que têm a sorte de um amor tranquilo: foram convocados para serem os enfermeiros do acampamento, os motoristas da tropa, estão ali para servir e não para brigar na linha de frente, e sobrevivem sem nem uma unha quebrada, mas desfilam mesmo assim, vitoriosos, porque foram imprescindíveis ao limpar o sangue dos outros.

Há os que sofrem quando a guerra acaba, pois ao menos tinham um ideal, e agora não sabem o que fazer com um futuro de paz. Há os que se apaixonam por seus inimigos. A esses, o céu e o inferno estão prometidos. E há os que não resistem até o final da história: morrem durante a luta e viram memória. Todos são convocados quando jovens. Mas é no desfile final que se saberá quem conquistou medalhas por bravura e conseguiu, em meio ao caos, às neuras e às mutilações, manter o coração ainda batendo

sábado, 2 de abril de 2011

RUGAS IRRETOCÁVEIS


Tenho cabelos claros, pintados, para esconder os fios brancos.
Não me recordo exatamente em que ano eles começaram a branquear...


Tenho algumas rugas em volta dos olhos, mas também não me recordo quando elas começaram a aparecer. Tento disfarçá-las, são tantas novidades no campo da dermatologia, achei por bem aproveitá-las. Do corpo, quase não cuido, só recentemente entrei para uma academia por ordem médica. Ele me disse que na minha idade preciso de exercícios... Mas falto mais do que vou, não gosto de fazer ginástica.


Das minhas unhas cuido semanalmente, penso que elas são um cartão de visita. Unhas maltratadas causam uma péssima impressão! De uns dez anos pra cá descobri os cremes e aí compro um aqui, outro ali e no final não uso nenhum, mas compro, só de olhá-los na prateleira já percebo que as rugas se retraem. Sou assim, vaidosa, mas não em excesso, penso que sou na medida certa, na medida correta para uma mulher. Enfim, os anos passam e as marcas que eles deixam em nós, não temos como conter. Nem pretendo isso! Acredito que cada marca, que meu corpo carrega, tem uma linda história.


Às vezes, na frente do espelho, ao descobrir uma nova ruguinha, fico pensando o que a causou. Depois reencontro com outra que já está vincada há anos e me recordo quando ela apareceu. Poderia enumerar também a história de cada fio de cabelo branco. Foram filhos, amores, marido, amigos que colocaram eles ali. Não quero me desfazer de nenhuma dessas marcas, apenas amenizá-las, acho que mereço isso. A vida me deve isso.


Atualmente a parte que merece mais a minha atenção, é a cabeça. Tento, todos os dias, colocá-la no lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e alegrias. Corpo e mente caminham juntos. Se um estiver em estado lastimável, o outro provavelmente vai se deteriorar. Não escondo minha idade. Não adiantaria falar que tenho trinta e cinco e apresentar um filho de trinta. Portanto eu confesso: tenho sessenta e um anos. Metade deles bem vividos, a outra metade muito sofridos.


Mas é exatamente aí que está o encanto da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e ambos me fizeram ser essa pessoa que sou hoje. Ficaram as rugas no rosto e na alma, mas também ficaram sorrisos em ambos. Minhas rugas mais bonitas são aquelas marcas de expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração chorava.


© SILVANA DUBOC

O JEITO DELES


© Martha Medeiros

O que é que faz a gente se apaixonar por alguém?

Mistério misterioso. Não é só porque ele é esportista, não é só porque ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem, e você, que tem um, não vai querer saber de descerebrados. Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado. Tem que ser inteligente e... algo mais. O que é este algo mais? Mistério decifrado: é o jeito.

A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta.

O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.

Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando.

O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito de morder palitos de fósforo que me deixava louca – ok, pode rir. Ele era um cara sofisticado, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro. O terceiro namorado tinha um jeito de olhar que parecia que despia a gente: não as roupas da gente, mas a alma da gente. Logo vi que eu jamais conseguiria esconder algum segredo dele, era como se ele me conhecesse antes mesmo de eu nascer. Por precaução, resolvi casar com o sujeito e mantê-lo por perto.

E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito vulgar de falar, do jeito de rir – sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça –, do jeito rude de tratar os garçons, do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia. Nenhum defeito nisso. Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo.

Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar. Porque esses jeitos que nos encantam não se explicam mesmo.

AGORA E SEMPRE


Eu não posso descrever você exatamente,
sequer sei o dia do seu aniversário,
não colhi a luz do seu olhar e
nunca pude sorrir o seu sorriso ... .
Não segurei as suas mãos nas minhas
nem misturamos nossas ternuras num abraço,
não conheço os traços da emoção que marcam o seu rosto,
nem sei quando brotam seus suspiros
ou por qual razão erguem-se os arcos das suas sobrancelhas ...
Entretanto, eu sinto e sei que nós nos conhecemos,
percebo as suas digitais marcadas sob a pele,
encontro suas marcas dentro do meu peito,
vejo emoções em desalinho, sobressalto de afeições inesperadas,
surpreendo-me a brincar com os raios de sol
desenhando alegrias num final de tarde ...
Sei que em tudo há você,
em tudo que não se vê,
na sutileza lilás que colore o anoitecer,
num beijo de brisa que anuncia estrelas recém-nascidas
dentro de nós ...
Será Amor ?
Talvez,
Não quero perguntar. Não quero responder.
Quero apenas que o tempo seja um templo
a celebrar essa magia singular,
essa certeza de saber que há
alguém capaz de me fazer sonhar...
Que o Agora seja o Sempre que buscamos,
e que isso nos baste, é o que eu desejo.
— Deus abençoe seus caminhos!
Obrigada por existir!

© Melliss - 11/07/06 - 20:22h

OS MARAVILHOSOS "HOMENS MADUROS"


Muito já se falou sobre a mulher madura, mulher de 40, idade da Loba.... Que tal, agora, falarmos um pouco sobre esses Homens maravilhosos que hoje estão na faixa de 40/50/60 anos de idade? Há uma indisfarçável e sedutora beleza
na personalidade de muitos Homens
que hoje estão na idade madura.
É claro que toda regra tem suas exceções,
e cada idade tem o seu próprio valor.
Porém, com toda a consideração e respeito
às demais idades, destacaremos aqui
uma classe de Homens que são
companhias agradabilíssimas:
Os que hoje são quarentões,
cinquentões e sessentões. Percebe-se com uma certa facilidade,
a sensibilidade de seus corações,
a devoção que eles tem pelo que
há de mais belo: O sentimentalismo.
Eles são mais inteligentes, vividos,
charmosos, eloqüentes. Sabem o que falam,
e sabem falar na hora certa. São cativantes,
sabem se fazer presentes, sem incomodar.
Sabem conquistar uma boa amizade Em termos de relacionamentos,
trocam a quantidade pela qualidade,
visão aguçada sobre os valores da vida,
sabem tratar uma mulher com respeito e carinho.
São Homens especiais, românticos,
interessantes e atraentes pelo que possuem
na sua forma de ser, de pensar, e de viver.
Na forma de encarar a vida, são mais poéticos,
mais sentimentais, mais emocionais
e mais emocionantes. Homens mais amadurecidos
têm maior desenvoltura no trato
com as mulheres, sabem reconhecer
suas qualidades, são mais espirituosos,
discretos, compreensivos e mais educados A razão pela qual muitos Homens maduros
possuem estas qualidades maravilhosas
deve-se a vários fatores: A opção de ser
e de viver de cada um, suas personalidades,
formação própria e familiar, suas raízes,
sabedoria, gostos individuais, etc...
Mas eu creio que em parte, há uma boa parcela
de influência nos modos de viver de uma época,
filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram
boas recordações de sua juventude.
Um tempo não tão remoto,
mas que com certeza,
não volta mais. Viveram sua mocidade
(época que marca a vida de todos nós)
em um dos melhores períodos do nosso tempo:
Os anos 60/70. Considerados as "décadas de ouro"
da juventude, quando o romantismo foi vivido
e cantado em verso e prosa A saudável influência de uma época,
provocada por tantos acontecimentos importantes,
que hoje permanecem na memória
e que mudaram a vida de muitos. Uma época em que
o melhor da festa era dançar coladinho,
e namorar ao ritmo suave das baladas românticas.
O luar era inspirador,
os domingos de sol eram só alegrias.
Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Roberto Carlos,
Antônio Marcos, The Fevers, Golden Boys,
Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda
e muitos outros que embalaram suas
"Jovens tardes de domingo, quantas alegrias!
Velhos tempos, belos dias." Foram e ainda são os Homens que mais
souberam namorar: Namoro no portão, aperto de mão,
abraços apertadinhos, com respeito e com carinho.
Olhos nos olhos tinham mais valor...
A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor...
Outros morreram de amor...
Estes Homens maduros de hoje,
nunca foram Homens de "ficar".
Ou eles estavam namorando firme,
ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos.
Se eles "ficassem", ficariam para sempre...
ao trocar alianças com suas amadas. Junto com Benito de Paula,
eles cantaram a "Mulher Brasileira, em primeiro lugar!"
A paixão pelo nosso país, era evidente quando cantavam:
" As praias do Brasil, ensolaradas, no céu do meu Brasil,
mais esplendor... A mão de Deus, abençoou,
Mulher que nasce aqui, tem muito mais Amor...
Eu te amo, meu Brasil, Eu te amo...
Ninguém segura a juventude do Brasil...
sil... sil... sil..." A juventude passou, mas deixou "gravado" neles,
a forma mais sublime e romântica de viver.
Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos,
experiências, maturidade e inteligência
que foram acumulando com o passar dos anos. O tempo se encarregou de distingui-los dos demais:
Deixando os seus cabelos cor-de-prata,
os movimentos mais suaves,
a voz pausada, porém mais sonora.
Hoje eles são Homens que marcaram uma época. Muitos deles hoje "dominam" com habilidade
e destreza essas máquinas virtuais,
comprovando que nem o avanço da tecnologia
lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encantam
com versos, rimas, músicas e palavras de amor.
Nem diminuiu-lhes a grande capacidade de amar,
sentir e expressar os seus sentimentos.
Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia. Por que o mais importante não é a idade denunciada
nos detalhes de suas fisionomias, e sim
os raros valores de suas personalidades.
O importante é perceber que
os seus corações permanecem jovens... São homens maduros, e que nós, mulheres de hoje,
temos o privilégio de poder admirá-los.
Autoria: Lisiê Silva