sábado, 15 de novembro de 2008

Você sabe como Perder um Grande Amor?


Perder um grande amor é fácil, pois sentimentos fortes criam alta intolerância. Assim, qualquer coisa que seja dita, qualquer atitude que cause desconfiança, qualquer mudança inesperada, pode abalar a mais apaixonada das relações. Para perder um grande amor é preciso muito pouco. Aquela palavra torta, a revelação inesperada de um segredo íntimo, até mesmo a confessada atração passageira por outra pessoa. E lá se vai o amor, todo inteiro, sem condição de recuperação.
Para perder um grande amor é necessário um grau apenas moderado de insegurança, que é péssima conselheira nos recônditos da paixão. Um pouco desse sentimento já é suficiente para envenenar a alma e afastar a possibilidade de harmonia ou estabilidade, de qualquer coração.

Outro forte aliado da perda de um grande amor é o ciúme. Mas não um ciúme qualquer. Aquele ciúme perfeito, que não dá sossego e tira a serenidade, sendo constante e absoluto, marcando presença em todos os momentos. O espelho, algumas vezes, também ajuda a perder um grande amor. Basta apenas se manter defronte dele, constatar imperfeições e defeitos, que apenas quem se espelha enxerga, e depois atormentar a pessoa amada, querendo que ela garanta que está tudo bem, que ela está encantada.

Melhor do que o espelho, um encontro inesperado com o passado, na figura de um ex, pode remexer toda a relação e transtornar os sentimentos, transformando-os em tormentos, arrasando o grande amor.
Em termos de tecnologia, nenhum aparelho é mais eficaz para liquidar um grande amor do que o telefone que, móvel ou celular, atinge efeito destruidor, principalmente quando usado para controlar o ser amado, mesmo numa distância de léguas, sem tréguas e sem limites, na inquieta busca apaixonada de dominar seus passos, decisões e apetites.

Mas, se nada disso fizer efeito, há uma solução infalível: faça tudo o que lhe pede o seu amor. Concorde com tudo, aceite suas idéias e solicitações. Espere por ele horas a fio, sem nada perguntar, sem dar um pio, e ele certamente, logo irá embora bem contente, por se livrar de pessoa tão chata e carente.

“Perder não é tão difícil quanto conquistar um grande amor, assim como outras coisas na vida,porém, perder um, ou dois, ou três... não significa que não há tempo para “recomeçar” e “reconquistar” tudo, só que de maneira mais sólida e definitiva...”. 

(Presente de CrisBoro-SP)


"EL DIA QUE ME VOLVI INVISIBLE"


 (O dia em que me tornei invisível)
 
© Silvia Castillejon Peral - Cidade do México-2002 
 
 
Já não sei em que data estamos. Lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas. Recordo-me daquelas folhinhas grandes, uns primores, ilustradas com imagens dos santos, que colocávamos no lado da penteadeira. Já não há nada disso. Todas as coisas antigas foram desaparecendo. E sem que ninguém desse conta, eu fui apagando-me também... 
 
Primeiro me trocaram de quarto, pois a família cresceu. Depois me passaram para outro menor, ainda com a companhia de minhas bisnetas. Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás. 

Prometeram trocar o vidro quebrado da janela, porém se esqueceram e todas as noites por ali circula um ar gelado que aumenta minhas dores reumáticas. Mas tudo bem... 
 
Desde há muito tempo tinha intenção de escrever, porém passava semanas procurando um lápis. E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer onde o tinha posto. Na minha idade as coisas se perdem facilmente. Claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las, porém sempre desaparecem. 
 
Noutra tarde dei-me conta que minha voz também tinha desaparecido. Quando eu falo com meus netos ou com meus filhos não me respondem. Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles, escutando atenta o que dizem. As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer não ocorrera a nenhum deles e de que lhes vai ser de grande utilidade. 

Porém não me ouvem, não me olham, não me respondem. Então cheia de tristeza me retiro para meu quarto e vou beber minha xícara de café. E faço assim, de propósito, para que compreendam que estou aborrecida, para que se dêem conta que me entristecem, venham me buscar e me peçam perdão. Porém, ninguém vem. 
 
Quando meu genro ficou doente, pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil. Levei-lhe um chá especial que eu mesma preparei. Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse. Só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento me indicou que se dera conta da minha presença. O chá pouco a pouco foi esfriando e junto com ele, meu coração. 
 
Então, noutro dia, disse-lhes que quando eu morresse todos iriam se arrepender. Meu neto menor disse:“Ainda estás viva vovó? “. Eles acharam tanta graça,que não pararam de rir. Três dias estive chorando no meu quarto até que numa manhã entrou um dos rapazes para retirar umas rodas velhas e sequer um bom dia me deu. Foi aí que me convenci de que sou invisível. Parei no meio da sala para ver se me tornando um estorvo olhariam-me. Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar, os meninos correram em minha volta, de um lado para o outro, sem tropeçar em mim. 
 
Um dia, os meninos se agitaram e vieram me dizer que no dia seguinte todos nós iríamos passar um dia no campo. Fiquei muito contente. Fazia tanto tempo que não saía e mais ainda ia ao campo! 
 
No sábado fui a primeira a me levantar. Quis arrumar as coisas com calma. Nós, os velhos, tardamos muito em fazer qualquer coisa. Assim, adiantei meu tempo para não atrasá-los. Rápido entravam e saíam da casa correndo e levavam as bolsas e brinquedos para o carro. Eu já estava pronta e muito alegre. Permaneci no saguão a esperá-los. Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu envolto em algazarra. Compreendi que eu não estava convidada. Talvez porque não coubesse no carro... Quem sabe? 
 
Ou quem sabe, porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais caminhassem a seu gosto pelo bosque. Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar. Eu até entendo. Eles vivem o mundo deles. Riem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam. E eu, já nem sinto mais o gosto de um beijo. Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme tê-los em meus braços, como se fossem meus. Sentia sua pele tenrinha e sua respiração doce bem perto de mim. A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade de cantar canções que nunca acreditara me lembrar. Porém um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê, disse que não era bom que os anciões beijassem aos bebês, por questões de saúde. 
 
Desde então já não me aproximo deles, não quero lhes passar algo mal por minhas imprudências. Tenho tanto medo de contagiá-los ! Eu os bendigo a todos, todos os dias e lhes perdôo, porque que culpa têm eles de que eu me tenha tornado invisível?

(Presente de Luci-Peter - USA) 


sábado, 1 de novembro de 2008

PROCURANDO O AMOR


 Onde andas tu, Amor?
Que me deixaste sozinho
Já suportei a dor
Mas necessito de carinho

 Nunca pensei ser assim, Amor!
Um sem número de turbilhões
Lembro-me de todo o teu calor
Que agora só sinto em recordações

 Quero muito voltar a sentir-te, Amor!
A provar todos os teus sabores
Quero sentir todo aquele tremor
E voltar a ter desejos tentadores

 Eu sei que virás um dia, Amor
No corpo de uma mulher
Talvez esteja a ser sonhador
Mas é amor o eu quero viver!