quarta-feira, 15 de outubro de 2008
CARTA AO CORREIO
Prezados senhores escrevo
um documento importante
e peço que distribuam
se possível, nesse instante.
Procuro pela alegria
no rosto da minha gente
fartura de pão e roupa
trabalho e comida quente!
Quero encontrar o idoso
que sem viço espera a sorte
do amparo e da saúde,
que afaste o temor da morte...
Procuro a esperança perdida
no rosto do meu irmão...
de tanto lutar na vida,
e ver que foi tudo em vão!
Ao Correio estou pedindo
que ache o pai desempregado,
a mãe que procura o filho,
um “menor abandonado”...
Visite as habitações
na barranca do ribeiro,
na solidão dos grotões,
a palhoça do roceiro...
Dos presídios não esqueça,
bandoleiros... marginais...
leve este alento e não meça,
muitos cá fora são mais...
Quero encontrar esse povo
sem justiça e sem defesa
que acredita no que dizem,
reparte a fome na mesa!
Leve alento aos brasileiros
que da pátria desertaram,
garimpando no estrangeiro,
o ouro que lhes negaram
Espalhe p’ra todo o povo
que o que procuro é banal,
um sonho que não é novo
e pode ser bem real...
Vá à procura do abraço
guardado para o amigo
e desfaça o embaraço
do ressentimento antigo...
Procure por mim as crianças
que na espera temporal,
pedem cheias de esperanças,
o seu sonho de Natal...
Peço que corra, ligeiro,
o ano está a findar
encontre no mundo inteiro,
quem não vai comemorar...
Preciso desses pedidos,
senão, p'ra que tanta festa
se no lar dos esquecidos,
se tem festa... é do que resta!
SYLVIA COHIN
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