Eu vi Deus chorando por aquele cidadão
Eu vi o Homem
Uma mata derrubar
Vi uma nascente morrer
Pela sombra que não há.
Vi o rio poluído
E o homem enriquecido
Sem desse rio cuidar.
Eu vi o Homem
Na mesa farta de comida
Vi um pobre batendo a porta
Pedindo uma guarida.
Vi o Homem falar não!
Deixando com fome o irmão
Nas calçadas da vida.
Eu vi o Homem
Indo a igreja orar
E ao sair da igreja
Vi uma esmola negar.
Vi este homem caindo
E o pobre lhe acudindo
Tentando lhe levantar.
Eu vi o Homem
Sem dinheiro na operação
E vi o Homem indo à lua
À procura de solução.
Vi o Homem não viver
Procurando o porquê
Da tanta tribulação.
Eu vi o Homem
Juntando patrimônio
Vi o progresso acabando
Com a camada de ozônio.
Vi o sol esquentando
Vi o gelo soltando
Eu vi o homem tristonho.
Eu vi o Homem
Assinando um projeto
De lei para matar
A criança no feto.
Vi o espírito voltar
Procurando seu lugar
Por não ser um objeto.
Eu vi o Homem
Para as drogas caminhar
Se perdendo no caminho
Não sabendo mais voltar.
Vi seus pais com tristeza
Por não ver mais beleza
Da vida se lastimar.
Eu vi o Homem
Estendendo sua mão
Pedindo ao outro homem
Um pouco de compaixão.
Vi o pobre operário
Vivendo sem salário
Pra comprar o feijão.
Eu vi o Homem
Na fila dos desesperados
Sem saber o que fazer
Por estar desempregado.
Vi seus filhos chorando
Pelo pão mendigando.
Eu vi um pai arrasado!
Eu vi o Homem
Falar para uma nação
Que ia dar fim ao desemprego
E a fome do cidadão.
Eu vi o Homem acreditar
E nesse Homem votar
No dia da eleição.
Eu vi o Homem
Na briga pelo poder
Mentir tanto no palanque
Para o povo poder crer.
Eu vi a hipocrisia
Fazendo moradia
Na cara deste ser.
Eu vi o Homem
Mudar o calendário
E lembrar da eleição
Que houve com o operário.
Eu vi o Homem na rua
Eu vi que a fome continua
Sem ter um itinerário.
Eu vi o Homem
Dentro da religião
Dizer que já está salvo
Sem olhar para seu irmão.
Eu vi que na verdade
Fora da caridade
Não há salvação.
Eu vi o Homem
Chorando na oração
Eu vi Deus perto dele
Segurando a sua mão.
Eu vi o Homem clamando
Eu vi Deus chorando
Por aquele cidadão.
de Airam Ribeiro
Um comentário:
Nesse verdadeiro poema, vemos tudo realmente,mas ficamos de braços cruzados, essa é a pura verdade.A Natureza sendo destruída,gente passando fome,tudo se despencando e acabando...continuamos de braços cruzados.Até quando vamos ficar assim? Dinheiro? Só para os GRANDES, enquanto a massa falida,sofre pra se manter. "Mundo, mundo,vasto mundo... se eu não me chamasse Raimundo... essa é a verdade!Parabéns ao escritor e a você que teve a coragem de publicar.Sua admiradora.
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