abrace forte... Assim... Gostoso!...
Como é próprio dessa dança que você mais gosta...-
Um bolero lento...- Sim, um abraço de bolero, digamos, inocente...
- diz achando graça do que diz.
Os pés nem se mexem, só as pernas que se tocam entremeadas.
E um abre a boca pra dizer algo, mas não diz porque a música está um pouco alta, e o outro com o rosto colado pergunta:-
Que disse?- Nada...- Que ia dizer? .- Só pensei...- Que foi que pensou?- Nada...- Parece que ouvi...-
Acho que foi a música.- Que música?- Da minha alma – responde rindo.- Mas eu ouvi...-
É o eco do meu coração, querida.- Que é isso?- Uma voz que ressoa na alma.- Mas eu ouvi...-
É, quando o abraço é de alma ouve-se a voz do coração...-
Abraço de quê? Desculpe, a música está alta...-
Nada. Deixa pra lá, depois eu explico.
Dançam mais um pouco e a música pára, mas eles nem notam e continuam abraçados de olhos fechados no meio do salão.-
Está vendo o que está acontecendo ao redor?...- Que é que está acontecendo?- Já há muito que o bolero acabou e só nós estamos abraçados no meio do salão...-
Como se mais ninguém existisse no mundo...-
Não existe mesmo mais ninguém...- Só nós...Os dois estavam parados no meio do salão...
Finalmente olham meio envergonhados e vêem que todos os vêem assim parados.
Mas ouve-se um aplauso.
E todos sem exceção batem palmas porque não há quem não se dobre diante de um encanto desses...© Adelmario Sampaio © 2004(Presente da Aurea)
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